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Apenas sorrindo

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sábado, 22 de junho de 2013

O filme “Amor” e a Longevidade com qualidade de vida.




Caros amigos, profissionais arquitetos e da área da saúde.
Alguns assuntos ocupam especial importância nas discussões sobre a viabilidade e adequação
dos ambientes de saúde e respectivas necessidades decorrente do ajuste das pessoas a cada
período da vida.
A população brasileira, que atingiu mais de 190 milhões de habitantes segundo o Censo 2010 do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem 18 milhões de pessoas acima dos 60
anos de idade, o que já representa 12% da população brasileira. Há dez anos o número de
idosos era de 14,5 milhões, ou apenas 8% da população total.
Em 2020 o Brasil terá 30 milhões de pessoas nestas condições e em 2050 o país apresentará
uma estrutura etária muito semelhante à existente hoje na França, segundo projeções do Censo
2010. Já somos um país em que a taxa de fecundidade (número de filhos que uma mulher tem ao
longo da vida fértil, que segundo o Ministério da Saúde é dos 15 aos 49 anos) é de apenas 1,67
filhos por mulher. Este referencial indica que estamos abaixo da taxa de reposição e equilíbrio da
população que seria de 2,1 filhos.
Os desafios que essas mudanças impõem são inúmeros, inclusive no planejamento dos
equipamentos de saúde onde os hospitais tem papel assistencial relevante. Decorrente destas
observações, um tema que ganhou especial interesse refere-se aos espaços e atenção aos
cuidados residenciais para idosos e pessoas com mobilidade reduzida.
Função de alerta que o filme “Amor” apresenta em sua temática principal. Vencedor do Oscar de
Melhor Filme Estrangeiro em 2013, ele concorria em outras três categorias: Melhor Atriz
(Emanuelle Riva), Melhor Diretor para o austríaco/alemão Michael Heneke e Melhor Roteiro. O
filme já havia recebido prêmios importantes como Globo de Ouro, BAFTA, Palma de Ouro em
Cannes, entre outros.
Ao lado de Emanuelle Riva está o ator Jean-Louis Trintignant, que participou de importantes
produções como “Um homem e uma mulher” de Claude Lelouch e “Z” de Costa-Gravas, ambos em
1966, além de outros papéis importantes na história do cinema francês. Eles retratam, em “Amor”,
a um casal de músicos na faixa dos oitenta anos, que decide passar a última etapa de vida juntos
em sua residência, na intimidade que lhes pertence e permitindo-se os cuidados que lhes
pareciam adequados. Estes dois importantes atores, sob a narração de sutilezas do roteiro e da
direção de Haneke oferecem uma reflexão sobre decisões e questões de atenção à saúde para
idosos. Sobretudo para quem necessita dos serviços de home care ou assistência domiciliar.
Paradoxos e dimensões humanas naturalmente característicos para reflexões dos tempos, dos
ambientes de saúde e dos cuidados assistenciais.
Ao compreender o Sistema de Saúde do Brasil como um intricado mosaico de estratégias,
responsabilidades e procedimentos assistenciais, a questão dos Cuidados em Assistência
Domiciliar à Saúde (ADS), amplia esta complexa função da estratégia de desospitalização no
Brasil.
Em 2007 a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou o Relatório Global da OMS sobre
Prevenção de Quedas na Velhice, que foi traduzido e publicado pelo Ministério da Saúde do
Brasil em 2010 (veja aqui
(http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relatorio_prevencao_quedas_velhice.pdf)). Neste
mesmo ano, lançou na Série Pactos pela Saúde o documento Atenção à Saúde da Pessoa Idosa
e Envelhecimento, igualmente acessível através do site oficial
(http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_saude_pessoa_idosa_envelhecimento_v12.pdf).
Estes documentos servem como auxílio nos cuidados às necessidades desta parcela da
população.
A ADS promove, portanto, uma relevante discussão sobre os ajustes destes espaços residenciais
à nova função que se incorpora como ambiente para assistência à saúde. Ajustes e adequações
que podem provocar incompatibilidades funcionais, estabelecer a necessidade de profissionais
que considerem as questões ergonômicas e da arquitetura como facilitadores à realização da
função assistencial e da promoção à qualidade de vida dos seus usuários.
A altura dos degraus e alternativas de rampas, os materiais de revestimento dos pisos, a
instalação de corrimão e guarda-corpo, adequações nas dimensões da largura e altura das
portas, componentes de acessibilidade e de mobilidade que as residências e os ambientes
deverão promover à inclusão desta importante parcela da população. Habilitar e qualificar
profissionais de arquitetura, design e engenharia devidamente capacitados a realizar estas
funções é também um papel a ser cumprido nestas novas demandas funcionais.
Fábio Bitencourt
Arquiteto D Sc

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